segunda-feira, 11 de junho de 2018

Revendo Cemitérios - Superando a Religião

texto por João Probst 
Editor e fundador do Ágora do Pensamento 

CRISES DOS CEMITÉRIOS 


Há muito tempo a forma como a humanidade enterra seus mortos vem apresentando sérios problemas, como a contaminação ambiental resultante da decomposição o que leva uma série de doenças à população. 

Com o aumento populacional o costume de enterrar mortos vem tornando-se uma crise emergente preste a estourar. 

Sendo o principal método utilizado, por razões tradicionais e de viabilidade, tendo em vista que métodos alternativos, como cremação, são mais caros, sendo assim menos populares apesar de serem menos agressivos ao meio ambiente e à população. 

Gostando ou não, o fato é que atualmente os cemitérios ocupam uma boa área útil das cidades que poderiam ser utilizadas em algo mais útil em prol da sociedade, cemitérios são verdadeiros volumes mortos que além de não agregar em nada causam prejuízos. 


E se nada for feito a bolha vai estourar e não se terá mais lugar para enterros, considerando-se o aumento populacional progressivo. 

Não resta dúvidas, é necessário buscar soluções para esta crise. 

O primeiro o óbvio, é fundamental desenvolver cemitérios sustentáveis, isto significa impedir que restos mortais, como o necrochorume, de contaminar o lençol freático. 



CONSEQUÊNCIAS MORAIS - IMORAL OU IMORAL?


Entretanto, medidas a longo prazo devem ser tomadas para diminuir, ou até mesmo eliminar cemitérios, o que traria inúmeros benefícios à sociedade. 

Inclusive, já existem projetos neste caminho, projetos que visam conceder um destino diferente à corpos humanos. 
 
Como estes por exemplo: Adubo Humano ;   

Alguns podem questionar a imoralidade de projetos deste gênero, e com certa razão, afinal o conceito de moral possui interpretação relativa, tendo em vista que está vinculado as características individuais, como experiências e conhecimentos pessoais. 

Diante da seriedade do problema, devemos refletir se realmente tais projetos inovadores, afinal suas utilidades e vantagens são inquestionáveis, são de fato imorais. 

INVESTIGANDO A TRADIÇÃO DE ENTERRAR MORTOS


O hábito de enterrar entes queridos, quase tão antigo quanto o próprio ser humano, possui motivos religiosos, todas as religiões consideram o velório como um costume para louvar, e velar, o falecido, facilitando sua ascensão ao céu. 

No entanto, é importante que tradições não sejam vistas como inalteráveis, certas ocasiões trazem a necessidade de abandonar uma prática, por mais que "sempre" foi assim. 

Um exemplo bem claro disto é o sepultamento, ao contrário do enterro, consiste em colocar o corpo em uma sepultura, e não em uma cova. Na Europa, até o século XIV, era muito comum sepultar pessoas importantes em igrejas, mas a peste negra dizimou milhões de pessoas, obrigando a sociedade da época a adaptar-se, assim, surgiu o enterro como prática tradicional. 

O homem, como ser criativo, deve sempre buscar a evolução, tradições são importantes, claro, mas não podem impedir o progresso humano, principalmente quando o assunto é a saúde e a perpetuação da espécie humana.

Partindo de uma visão Nietzschiana, a sociedade, e os indivíduos separadamente, é movida por determinados valores, uns mais em evidência do que outros, e aqueles que são mais valorizados determinam os caminhos que serão trilhados. 

Valores "errados" podem acarretar na queda de um império, por exemplo. 

A reflexão que aqui fica é quais valores que serão valorizados? Será que o preciosismo com o passado possuí mais valor do que a perpetuação e evolução da espécie. 

A FILOSOFIA DO MARTELO, de Friederich Nietzsch, nos leva justamente a questionar valores, culturas e destruir convicções, com a sua famosa frase DEUS ESTÁ MORTO, exemplificou a necessidade do homem de nutrir uma conduta de eterno questionamento e dúvida, para ele o homem deve buscar a liberdade de falsas verdades limitadoras do pensamento e da criatividade. 

A religião possuí sua função social, mas não deve impedir o progresso humano, e a vida boa que deve ter maior valor, e não a morte, portanto, é preferível viver bem do que viver pensando em "ter" uma morte louvável.


Deixe sua opinião, como vê a crise dos cemitérios? Nós como sociedade devemos buscar uma nova forma, menos agressiva, de lembrar as gerações passadas ?

O assunto meio ambiente já foi tema de nossos artigos, veja:

Paradoxo da Sustentabilidade
Nós precisamos conversar sobre o meio ambiente

Indicação de leitura:

Encontrando o sentido da vida na morte
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2 comentários:

  1. A cremação deve ser mais barata e incentivada. É uma forma mais higiênica. Até chegar a uma cultura de cremação coletiva vai demorar mas pode ser uma boa.

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    1. Pois é, infelizmente hoje a cremação é bem cara, justamente pela falta de demanda, acredito que nós, como humanidade, podemos achar uma forma de honrar os mortos que não seja tão agressiva.

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