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quarta-feira, 5 de abril de 2017

Platão e a Crítica a Música Contemporânea


  Platão em seu livro "A República" destaca a influência negativa que a poesia possui para a educação dos jovens e da sociedade em geral. Para o autor, a palavra poética representava grandes perigos, trazendo engodos quando descreve a vida de uma forma que ela não é. 

  Veja um trecho do livro (601a3-b3):  
Assim, penso eu, do poeta diremos também que, embora nada saiba senão imitar, ele consegue, por meio de palavras e frases, usar as cores de cada uma das outras artes, que outros que são como ele, vendo-as graças às palavras ditas, quer se fale do ofício do sapateiro, ou segundo um metro, um ritmo e uma harmonia, julgam que ele fala muito bem quer sobre a arte militar, quer sobre outra coisa qualquer. Tal é o encantamento que, por natureza, esses fatores produzem! Despojadas das cores da música, ditas só pelo que são, creio que sabes a aparência que as obras dos poetas têm...  

 Outro ponto importante é que a educação grega é fortemente baseada na poesia, sendo esta lida para crianças e jovens, tendo influência na fomentação do caráter e ética destes. 

Imagem ilustrativa de Ulisses na Odisseia de Homero
 Tem que se entender que a cultura grega era fortemente baseada na adoração de deuses, e que a poesia muitas vezes os descreviam com características humanas, o que por si só é uma contradição. Para os gregos antigos, os deuses são perfeitos, logo, não faz sentido apresentarem atitudes mesquinhas, egoístas e pecaminosas, como acontecia frequentemente nas poesias.  

  Cabe ressaltar que a poesia da época possuía diversas diferenças dos poemas atuais. Os poemas da Grécia Antiga contavam histórias épicas sobre heróis e deuses, como Ulisses. 

Basicamente, Platão critica os poetas por não serem fiéis à realidade, educando os jovens a se comportar de maneira imoral e passando-lhes uma noção errônea sobre os deuses.

Portanto, o filósofo ao construir sua cidade bela, isto é, uma sociedade perfeita livre de vícios, afirmou que a poesia não lá teria espaço.

   A ideia deste artigo é modernizar esta crítica de Platão para os dias de hoje, isto é contextualizar com os costumes típicos da época atual. Há a possibilidade de estender a crítica à poesia para todas as formais de arte conhecidas. 

   Explico: 

   É facilmente visível que algumas músicas possuem letras com um nível baixo de conteúdo que em nada acrescenta de positivo na cultura e na educação do povo. De forma generalizada, gêneros como Sertanejo Universitário e Funk tem como tema sexo, bebedeiras, traições e brigas de todo o tipo. 
  
   E passam seu conteúdo como algo aceitável, assumindo o que cantam como algo normal.  


   Segue alguns trechos de músicas: 

"Elas tem disposição
Elas mentem pro paizão
Fala que tá no curso e tá na casa do negão, sacanagem"
                                                                                                   - Nego do Borel

"A primeira metade é amor
Cinema em casa, filme de terror
Dormir de conchinha na cama
Ela dizendo que me ama
E a outra metade é tudo ao contrário
No fim de semana sou desmantelado
Saio na balada beijando de boca em boca
Totalmente vida louca"

                                                                                                   - Gustavo Lima

"Olha que quando ela bate com a bunda no chão 
Quando ela mexe com a bunda no chão"
                                                                                                       - MC Kevinho  

  Não querendo despreciar quem gosta deste tipo de música, a multiplicidade de gostos existe, e há de ser respeitada, mas a questão que levanto é o quanto é nocivo uma sociedade tolerante em relação a esse tipo de conteúdo. 

 Será que devemos, para que o jovem cresça mentalmente e moralmente saudável, permitir músicas com este nível de conteúdo seja acessível a jovens e crianças? 

  De qualquer forma, o fato de que músicas como estas, que já são numerosas, tenham grande sucesso, representa que a sociedade, de certa forma, está doente, pois se valoriza muito mais o carnal do que o intelectual e os bons costumes. 


A sua opinião é muito importante, participe da discussão nos comentários, concorda com o que foi dito? Caso tenha gostado, compartilhe e siga o blog. 

Até a próxima!!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Frase Autoral




"Devemos esquecer os males do passado, aprender com os erros sem temer os desafios do futuro para poder viver o presente"

- João Probst

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Poema - Paulo Leminski

Bem no fundo 


No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminha

terça-feira, 30 de junho de 2015

Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto II

 
  Ola, toda semana lanço um canto do poema Divina Comédia, de Dante Alighieri, uma história épica aonde Dante vive uma aventura atravessando o inferno e o limbo para chegar ao céu, para isso conta com ajuda do poeta Virgílio e de sua amada Beatriz. No primeiro canto, Dante encontrou Virgílio pela primeira vez, agora o poeta explica como Beatriz o convocou para essa missão, caso não tenha lido o primeiro veja aqui:


Agora leia o Canto II, lembrando que as frases em vermelho são minhas anotações sobre determinada palavra:

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto I


 A Divina Comédia, obra prima de Dante Alighieri é um clássico da literatura do século XVI que foi grande influência para poetas, músicos, pintores, cineastas e outros artistas nos últimos 700 anos, como Gustave Doré, Sandro Botticelli, Salvador Dali, Michelangelo eWilliam Blake iniciada, provavelmente no ano de 1307 e concluída em 1321, um pouco antes da morte do autor. Consiste em um poema fielmente simétrico, baseado no número 3. Veja o exemplo em Latim: 

1 Nel mezzo del cammin di nostra vita A

2 mi ritrovai per una selva oscura B

3 ché la diritta via era smarrita. A



4 Ahi quanto a dir qual era è cosa dura B
5 esta selva selvaggia e aspra e forte C
6 che nel pensier rinova la paura! B

7 Tant'è amara che poco è più morte; C
8 ma per trattar del ben ch'i' vi trovai, D
9 dirò de l'altre cose ch'i' v'ho scorte. C

10 Io non so ben ridir com'i' v'intrai, D
11 tant'era pien di sonno a quel punto E
12 che la verace via abbandonai. D

  
   Esta simetria foi inventada por Dante, chamada de terza rima, em latim, terça rima em português. Consiste na rima do primeiro verso com o terceiro de cada terceto, e o segundo verso rimará com o terceto seguinte. Ficando: ABA, BCB, CDC, DED. 
   Deste modo, o leitor tem a sensação de movimento, é como se o processo não pudesse ter fim. 
  Descreve a odisseia de Dante através do Purgatório, Inferno e Paraíso, é guiado no Purgatório e no Inferno pelo poeta Virgílio, e no céu por sua musa Beatriz. 

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Poema Brasileiro

PORQUE MENTIAS?

Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e se minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?

Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?

Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu por que mentias!

Vê minha palidez - a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito! Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?
Álvares de Azevedo

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Poema com Filosofia

Heráclito

Seus homens e rios sempre desiguais,
Nossos passados, presentes e futuros,
Que os tornam imaginações inatuais
De uma cidade e seus supostos muros.

Talvez um dia eu volte como o mesmo homem
Ao rio cujas águas mansas correm como sempre,
Talvez um dia eu penetre nos segredos de outrem
E o rio não se incomode com as margens diferentes.

Heráclito me diz que sou um incorrigível sonhador
E que o rio não percebe que seu leito original,
Assim como eu, que vive como um ser sem dor
Sofre com os ataques do ventos e dos temporais.

Respondo a Heráclito que todo o sentido que busco
Numa vida que penso não ser sonho de um etrusco,
É como o rio que luta para ser o fio de águas puras
Em busca de um mar que desconhece, nas lonjuras

por Amadeu Garrido