Mostrando postagens com marcador Divina Comédia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Divina Comédia. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto IX


 Ola bem vindos a mais um canto do poema de Dante Alighieri, a Divina Comédia, aventura épica onde Dante é guiado por Virgílio, grande poeta da antiguidade, através dos círculos do Inferno e do Purgatório até chegar ao Paraíso. Esta é uma série publicada semanalmente, um canto comentado por semana (no total de 100 cantos divididos por três livros).
 Dante já passou pelo Limbo (Canto IV), pelos círculos da Luxúria (Canto V), da Gula ( Canto VI), e pelos círculos da Avareza e da Ira ( Canto VII).
 No último chegaram a cidade de Dite, após atravessar o rio Estige na barca de Flégias. Porém foram recepcionados por um grupo de demônios que lhe barraram a passagem. O canto terminou com Dante e Virgílio esperando a chegada de um personagem misterioso que irá conceder-lhes a passagem. 

Vamos ao Canto IX


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto VIII



   Ola bem vindos a mais um canto do poema de Dante Alighieri, a Divina Comédia, aventura épica aonde Dante é guiado por Virgílio, grande poeta da antiguidade, através dos círculos do Inferno e do Purgatório até chegar ao Paraíso. Esta é uma série publicada semanalmente, um canto comentado por semana ( no total de 100 cantos divididos por três livros).
 Dante já passou pelo Limbo (Canto IV), pelos círculos da Luxúria (Canto V), da Gula ( Canto VI), e pelos círculos da Avareza e da Ira ( Canto VII).
 Agora, chegam a cidade de Dite, após atravessar o rio Estige na barca de Flégias.

LEIA OS CANTOS ANTERIORES:


Leia o Canto VIII, lembrando que os trechos em itálico e vermelho são meus comentários:

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto VII


Ola, bem vindos a sequência do canto anterior do poema de Dante Alighieri, A Divina Comédia, no qual conta a aventura de Dante através dos círculos do inferno, do purgatório até chegar ao paraíso.
 Esta é uma série que publico semanalmente cantos comentados do poema ( no total de 100 cantos divididos em três livros - Inferno, Purgatório e Paraíso). Dante já atravessou o limbo, no Canto IV, local com pessoas que apesar de não terem pecados não merecem estar no céu ( sobre ótica da época). No canto V, passa pelo segundo círculo, o da luxúria que terminou com o desmaio de Dante.
No canto VI, passou pelo terceiro círculo, o da gula, lá encontrou vários personagens clássicos, como Cérberos, o cão de Hades, e o espírito de Ciacco, um famoso vivente antigo de florença, conhecido pela sua fome insaciável. Todos estes personagens possuem valores simbólicos, para saber mais leia o canto VI. o canto terminou com Dante encontrando Pluto ( Hades para os gregos). 

Leia os cantos anteriores:


  • Vamos ao Canto VII, lembrando que os trechos em vermelho e itálico são minhas anotações.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto VI


   Ola, bem vindos a mais um canto do poema de Dante Alighieri, A Divina Comédia, no qual conta a aventura de Dante através dos círculos do inferno, do purgatório até chegar ao paraíso.
 Esta é uma série que publico semanalmente cantos comentados do poema ( no total de 100 cantos divididos em três livros - Inferno, Purgatório e Paraíso). Dante já atravessou o limbo, no Canto IV, local com pessoas que apesar de não terem pecados não merecem estar no céu ( sobre ótica da época). No canto V, passa pelo segundo círculo, o da luxúria que terminou com o desmaio de Dante.

  • Leia os cantos anteriores:  

  • Vamos ao Canto VI, lembrando que os trechos em vermelho e itálico são minhas anotações.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto V



 Ola, essa é uma série sobre o poema Divina Comédia de Dante Alighieri, considerado como o primeiro poeta italiano, toda semana publico um dos 100 cantos comentados, divididos em três livros ( Inferno, Purgatório e Paraíso). 

Veja os cantos anteriores: 



 Um clássico da literatura do século XVI que foi grande influência para poetas, músicos, pintores, cineastas e outros artistas nos últimos 700 anos, como Gustave DoréSandro Botticelli, Salvador Dali, Michelangelo e William Blakeiniciada, provavelmente no ano de 1307 e concluída em 1321, um pouco antes da morte do autor. Consiste em um poema fielmente simétrico, baseado no número 3. 

 Uma história épica aonde Dante vive uma aventura atravessando o inferno e o limbo para chegar ao céu, para isso conta com ajuda do poeta Virgílio e de sua amada Beatriz.
 Começou perdido em uma floresta escura e perigosa e ao encontrar a saída para a salvação se depara com três feras, um leão, uma loba e um tigre, todas com significados simbólicos que expliquei no canto I. 
 Assim, Virgílio é enviado por Beatriz para salvar seu amado. O poeta guia Dante através dos círculos do purgatório, no canto IV vimos o primeiro círculo, o limbo, local onde ficam os homem que apesar de não terem pecado não podem ascender o céu, aqueles que não foram batizados e que vieram antes de Cristo. Trecho do Canto III, aonde Virgílio explica para Dante sobre o primeiro círculo:

- Estes coitados não pecaram, mas não podem ir para o céu - explicou -, pois não foram batizados. Estão aqui as crianças não batizadas e aqueles que viveram antes de Cristo, como eu. Aqui não temos sofrimento, mas também não temos nenhuma esperança.

 Podemos notar facilmente que o pensamento sobre o que é certo ou errado, sobre o é pecado, mudou com o decorrer do tempo, não ser batizado não é mais visto da mesma forma. 

 Agora, vamos ler o canto V, os trechos em itálico e em vermelho são minhas anotações:

Minós - Círculo da luxúria (2)Espíritos de Paolo e Francesca


Assim que entramos no segundo círculo, lá estava Minós, rangendo terrivelmente. Ele ficava na entrada e recepcionava os pecadores, julgando-os um por um. Ouvia suas confissões e proferia a sentença, se enrolando na própria cauda. O número de voltas que dava a sua cauda indicava quanto deveria descer o pecador para o seu lugar nas profundezas do inferno. Uma grande multidão se amontoava diante daquele juiz. Cada pecador falava, ouvia sua sentença, e era atirado no abismo.

Minós: Na mitologia grega, Minos (em grego: Μίνως) foi um rei semi-lendário da ilha de Creta, filho de Zeus e da princesa Europa, sua esposa é mãe do Minotauro. Teria nascido em cerca de 1 445 a.C. e reinado de 1 406 a.C. a 1 204 a.C. (segundo a Crônica de Jerônimo de Stridon). Há diversas variantes de seu mito, tendo em algumas dela a existência de dois Minos. Depois de morto, desceu ao mundo subterrâneo onde se tornou um dos juízes dos mortos. No inferno de Dante, Minós ouve as confissões dos mortos (que sempre dizem a verdade, pois não têm mais o dom do intelecto) e os designa a um círculo e subcírculo específico de acordo com a falta mais grave relatada.

- Ó tu que entras no asilo da dor - disse Minós ao me ver, interrompendo seu ofício -, vê bem em quem confias e como entras aqui. É fácil de entrar, mas não te enganes!

- Por que gritar? - respondeu Virgílio ao juiz dos mortos - Não podes impedir esta jornada, pois lá, onde tudo o que se quer se pode, isto se quer e não peças mais nada!

Minós se calou, e nós prosseguimos. Pouco a pouco comecei a perceber sons tristes, muito pranto e lamentos. Neste lugar escuro onde eu me encontrava, o som das vozes melancólicas se assemelhava ao assobio do mar durante uma grande tormenta. Os tristes sons emanavam de um enorme redemoinho. Eram almas sofredoras, sacudidas pelo vento que nunca cessava. Entendi que era o castigo pela transgressão da carne, que desafia a razão, e a submete à sua vontade.

No escuro vento vi várias sombras que passavam se lamentando e ao mestre perguntei:
- Mestre, quem são essas pessoas que o vento tanto castiga?

- A primeira, cuja história deves conhecer - explicou o mestre -, foi imperatriz de povos de muitas línguas. É Semíramis, a sucessora e esposa de Nino. A que a segue é a viúva de Siqueu, que se matou por amor. Ali tu vês Cleópatra, luxuriosa. Veja Helena, e também Aquiles, Páris, Tristão. - e, uma por uma, me indicou outras mil sombras que tiveram suas vidas desfeitas pelo amor.

- Poeta - eu falei - eu gostaria, se for possível, de falar com aqueles dois, unidos, que tão leves parecem ser ao vento.

- Espera - respondeu -, em breve estarão próximos de nós, e quando a fúria do vento diminuir, peça, pelo amor que os conduz, que eles virão.
Então, quando a tormenta cedeu um pouco, eu chamei:
- Ó almas sofridas, falai conosco, se isto for permitido! Elas ouviram, entenderam meu pedido. Deixaram o bando onde estavam as outras e se aproximaram. Uma delas falou:
- Ó ser gracioso e benigno, o que desejares ouvir ou falar conosco, nós ouviremos e falaremos, se o vento permitir. Nasci na terra onde o Pó deságua. Amor, que ao coração gentil logo se prende, tomou este aqui, pela beleza da pessoa que de mim foi levada, e o modo ainda me ofende. Amor, que a nenhum amado amar perdoa, prendeu-me, pelo seu desejo com tanta força que, como vês, ele ainda não me abandona. Amor nos conduziu a uma só morte. Caína aguarda aquele que tirou as nossas vidas.

Ao ouvir esse lamento, baixei o rosto, e permaneci assim, até Virgílio me despertar. Voltei novamente àquele casal, e perguntei:
- Francesca, o teu martírio me traz lágrimas aos olhos, mas dize-me, como permitiu o amor que tomásseis conhecimento de vosso sentimento recíproco?

Dante classifica o pecado da luxúria como o menos grave de todos, colocando-o no círculo mais externo. Isso é demonstrado também na compaixão que sente pelos pecadores, se emocionando com o relato de Francesca. A ventania é o contrapasso do pecado. Em vida, os amantes eram levados por suas paixões, que os arrastava como o vento que os arrasta no inferno.

- Não há maior dor, que lembrar da felicidade passada - disse ela - mas se teu grande desejo é saber, te direi como quem chora e fala. Líamos um dia a sós, sobre o amor que seduziu Lancelote. Várias vezes essa leitura nos ergueu olhar a olhar. Mas foi quando chegamos àquele ponto que falava do sorriso que desejava ser beijado por um perfeito amante, que este aqui que nunca me seja apartado, tremendo, beijou-me na boca naquele instante. Nosso Galeoto foi aquele livro e quem o escreveu. Desde aquele dia, não o lemos mais adiante.
Enquanto uma alma contava a sua história triste, a outra chorava sem parar ao seu lado, e eu, comovido de piedade e dor, desmaiei, e caí como um corpo morto cai.

Giovanni era um homem culto, porém de péssima aparência e tinha o corpo deformado. Guido sabia que Francesca não concordaria com o casamento de modo que o ele foi realizado por procuração através do irmão mais novo, Paolo Malatesta, que era jovem e bonito. Francesca e Paolo não demoraram a se apaixonar.

De acordo com Dante, Francesca e Paolo foram seduzidos pela leitura da história de Lancelote e Guinevere, e se tornaram amantes. Posteriormente foram surpreendidos e assassinados por Giovanni em Rimini (aonde o rio Pó deságua). Dante utilizou o romance de Lancelot, a fim de caber no âmbito do regime de amor poesia lírica, que emula Francesca no Canto V do Inferno.

Francesca diz que foram surpreendidos quando liam a lenda onde Lancelote, apaixonado por Guinevere (esposa do Rei Artur), é induzido a beijá-la por Galeoto. Galeoto, portanto, induz Paolo e Francesca a se beijarem também, quando são surpreendidos e mortos.

Os círculos da incontinência (círculos 2 a 5) são a morada daqueles que pecaram não por determinação de fazer o mal, mas por não conseguir controlar os impulsos, falhando assim na escolha do bem. Aqui são punidos os pecados da luxúria, da avareza e da gula.

Aqui termina o canto da semana, siga o blog para não perder os próximos cantos e outros textos!! 
Compartilhe com seus amigos

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto IV


  Ola, Divina Comédia é um poema divido em três livros e 100 cantos escrito por Dante Alighieri, primeiro poeta italiano. 
  Por ser uma leitura um pouco complexa criei uma série de textos comentando o poema, um canto por semana. Já estamos no canto IV, mas leia aqui os episódios passados: 


  Conta a aventura de Dante através dos círculos e níveis do Purgatório e do Inferno chegando até o céu, aonde poderá se encontrar com sua amada e protetora Beatriz. Dante terminou o último canto desmaiado após um grande terremoto às margens do rio Aqueronte, onde o barqueiro Caronte transportava os mortos para a outra margem do rio.

Lembrando que a escrita em itálico e em vermelho são minhas anotações.
 Leia agora o canto IV: 




Limbo (Círculo 1) - Castelo dos iluminados


Acordei ao som de um trovão, já nas bordas abissais do fosso infernal, onde ecoam gritos infinitos. Tão escuro e nebuloso era que, por mais que eu tentasse forçar a vista ao fundo, não conseguia discernir coisa alguma.

- Desçamos ao mundo onde nada se vê. - disse Virgílio - Eu irei na frente e tu me seguirás. - e fez uma indicação para que eu o seguisse. Ele estava com uma aparência muito pálida, e por isso me assustei, hesitando por um instante.

- Como queres que eu te siga tranqüilo, se estás com medo? - perguntei.

- Não é medo. - respondeu - A piedade me clareia o rosto, por causa da angustia das gentes desamparadas que aqui sofrem. Andemos, pois temos ainda um longo caminho pela frente.

E assim ele me guiou para o primeiro círculo que rodeia o poço abissal. Naquele lugar não ouvi sons de lamentação, somente suspiros. Só havia mágoa. Como não lhe perguntei nada, o poeta resolveu me explicar que espíritos eram aqueles que eu estava vendo.

- Estes coitados não pecaram, mas não podem ir para o céu - explicou -, pois não foram batizados. Estão aqui as crianças não batizadas e aqueles que viveram antes de Cristo, como eu. Aqui não temos sofrimento, mas também não temos nenhuma esperança.

Os círculos o grau de gravidade dos pecados cometidos pelas pessoas, conforme o pensamento da época. Podemos perceber como o pensamento moderno evoluiu neste aspecto. 

Senti pena dele enquanto falava e imaginei quanta gente de valor deveria estar suspensa para sempre nesse limbo, e então perguntei-lhe:

- Algum desses habitantes, por mérito seu ou com a ajuda de outro, pôde algum dia ir para o céu?

- Eu era novato neste lugar - respondeu Virgílio -, quando um Rei poderoso aqui desceu. Ele usava o sinal da vitória na sua coroa. Veio, e nos levou Adão, Noé, Moisés, Abraão, David, Israel, Raquel e vários outros que ele escolheu. E deves saber, antes que essas almas fossem levadas, nenhuma outra alma humana havia alcançado a salvação.

Estes personagens bíblicos foram levados aos céus, segundo Dante quando Jesus Cristo desceu ao inferno após a Crucificação

Não paramos de caminhar enquanto ele falava, mas continuamos pela selva, digo, a selva de espíritos. Não tínhamos nos afastado muito do ponto onde eu acordei, quando vi um fogo adiante, um hemisfério de luz que iluminava as trevas. Mesmo de longe, pude perceber, que aquele lugar era habitado por gente honrosa.

- Ó mestre que honras a ciência e a arte, quem são esses, privilegiados, que vivem separados dos outros aqui? - perguntei.

- O nome honrado que ainda ressoa no teu mundo lá em cima, encontra a graça no céu que o favorece aqui.

Mal ele terminara de falar, ouvi um chamado que partiu de um dos vultos iluminados:

- Saudemos o altíssimo poeta. - gritou a alma - Sua sombra que havia partido já está de volta!

Depois que a voz se calou, vi quatro grandes vultos se aproximarem. Os seus rostos não mostravam tristeza, mas também não mostravam alegria. Virgílio os apresentou:

- Este é Homero, poeta soberano, o outro é Horácio, o satírico, Ovídio é o terceiro e por último, Lucano.


Homero foi um poeta da Grécia Antiga que nasceu e viveu no século VIII a.C. É autor de duas das principais obras da antiguidade: os poemas épicos Ilíada e Odisseia.

Ovídio foi o mais popular dos poetas romanos. Autor de várias obras, entre as quais obras de mitologia como Metamorfoses


Quinto Horácio Flaco, em latim Quintus Horatius Flaccus, foi um poeta lírico e satírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga. Sátira é  uma técnica literária ou artística que ridiculariza um determinado tema, geralmente como forma de intervenção política ou outra, com o objectivo de provocar ou evitar uma mudança. O adjectivo satírico refere-se ao autor da sátira.

Lucano foi um poeta romana, sobrinho de Sêneca, fez parte da malograda conspiração de Pisão contra a vida do imperador Nero, e ao ser preso foi obrigado a se suicidar. Restou de sua extensa obra apenas uma epopeia inacabada, a Farsália.

Quando chegamos até eles, o mestre falou-lhes em particular e depois eles me saudaram, tratando-me com deferência, incluindo-me como o sexto do seu grupo.

Prosseguimos, então, os seis, até finalmente chegarmos ao local de onde emanava a luz. Lá se erguia um nobre castelo de muros altos, cercado por um belo riacho. Sete muros o cercavam. Nós passamos sobre o riacho como se fosse terra dura, depois, sete portões atravessamos até chegarmos a um verde prado, onde muitas outras pessoas conversavam. De lá mudamos para um local aberto, luminoso e alto, onde podíamos ter uma visão completa de todos. Reconheci várias grandes figuras como Enéas, Heitor eCésar, Aristóteles, Sócrates e Platão, Orfeu, Heráclito, Tales,Zenão, Ptolomeu e muitos outros. Exaltou-me a possibilidade de poder encontrar todos esses espíritos, cuja sabedoria enchia de luz aquele lugar sombrio. Havia mais. Muitos. Tantos eram, que não posso aqui listar todos.



De todos, no final, restamos só eu e Virgílio, pois nossa jornada nos impelia adiante. Chegamos, então, a um lugar onde nada mais reluzia.


E é isso ai, aqui termina o quarto canto, não perca o quinto canto semana que vem!!
Se gostou compartilhe com seus amigos! Até a próxima semana

sexta-feira, 10 de julho de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto III

 Ola, caros leitores peço desculpa pela demora para postar mais um texto, estava no período de provas da faculdade, quem é acadêmico, ou já foi, sabe como é complicado. Mas, vamos ao que interessa.


 Hoje continuo a série da Divina Comédia, que comento sobre o poema de Dante Alighieri. O personagem Dante começa perdido em uma floresta escura e perigosa e ao encontrar a saída para a salvação se depara com três feras, um leão, uma loba e um tigre, todas com significados simbólicos que expliquei no canto I, publicado aqui.
 Virgílio, um poeta antigo que Dante tinha como ídolo vem em seu auxílio enviado por Beatriz, sua paixão da infância. O poeta propõe uma rota alternativa através do inferno e purgatório, assim, o personagem passa, com o auxílio de outros personagens da cultura clássica como santos e escritores, uma jornada espiritual. 
  O canto II, leia aqui, explica como Beatriz desceu do céu para buscar Virgílio no Limbo e convence-lo a ajudar Dante. 

Segue o Canto III, lembrando que os trechos em negritos e vermelho são as minhas anotações com comentários: 

A porta do Inferno - Vestíbulo

Rio Aqueronte - Caronte


POR MIM SE VAI À CIDADE DOLENTE, 
POR MIM SE VAI À ETERNA DOR ,
POR MIM SE VAI À PERDIDA GENTE.

JUSTIÇA MOVEU O MEU ALTO CRIADOR, 
QUE ME FEZ COM O DIVINO PODER,
O SABER SUPREMO E O PRIMEIRO AMOR.

ANTES DE MIM COISA ALGUMA FOI CRIADA 
EXCETO COISAS ETERNAS, E ETERNA EU DURO. 
DEIXAI TODA ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS!

Estas palavras estavam escritas em tom escuro, no alto de um portal. Eu, assustado, confidenciei ao meu guia:

- Mestre, estas palavras são muito duras.




- Não tenhas medo - respondeu Virgílio, experiente - mas não sejas fraco! Aqui chegamos ao lugar, do qual antes te falei, onde encontraríamos as almas sofredoras que já perderam seu livre poder de arbítrio. Não temas, pois tu não és uma delas, tu ainda vives.

Em seguida, Virgílio segurou minha mão, sorriu para me dar confiança, e me guiou na direção daquele sinistro portal.

Logo que entrei ouvi gritos terríveis, suspiros e prantos que ecoavam pela escuridão sem estrelas. Os lamentos eram tão intensos que não me contive e chorei. Gritos de mágoa, brigas, queixas iradas em diversas línguas formavam um tumulto que tinha o som de uma ventania. Eu, com a cabeça já tomada de horror, perguntei:

- Mestre, quem são essas pessoas que sofrem tanto?

- Este é o destino daquelas almas que não procuraram fazer o bem divino, mas também não buscaram fazer o mal. - me respondeu o mestre. - Se misturam com aquele coro de anjos que não foram nem fiéis nem infiéis ao seu Deus. Tanto o céu quanto o inferno os rejeita.

- Mestre - continuei -, a que pena tão terrível estão esses coitados submetidos para que lamentem tanto?

- Te direi em poucas palavras. Estes espíritos não têm esperança de morte nem de salvação. O mundo não se lembrará deles, a misericórdia e a justiça os ignoram. Deixe-os. Só olha, e passa.

E então olhei e vi que as almas formavam uma grande multidão, correndo atrás de uma bandeira que nunca parava. Estavam todas nuas, expostas a picadas de enxames de vespas que as feriam em todo o corpo. O sangue escorria, junto com as lágrimas até os pés, onde vermes doentes ainda os roíam.

Quando olhei além dessa turba, vi uma outra grande multidão que esperava às margens de um grande rio.

- Quem são aqueles? - perguntei ao mestre.

- Tu saberás no seu devido tempo, quando tivermos chegado à orla triste do Aqueronte. - respondeu, secamente.

Aqueronte é o primeiro dos rios que cruzam o Inferno, não é invenção de Dante Alighieri, é citado na Eneida de Virgílio e na Odisséia de Homero 

Temendo ter feito perguntas demais, fiquei calado até chegarmos às margens daquele rio de águas pantanosas e cinzentas.

Chegava um barco dirigido por um velho pálido, branco e de pêlos antigos. Ele gritava:

- Almas ruins, vim vos buscar para o castigo eterno! Abandonai toda a esperança de ver o céu outra vez, pois vou levar-vos às trevas eternas, ao fogo e ao gelo!

Quando ele me viu, gritou:

- E tu, alma vivente, te afasta desse meio pois aqui só vem morto! - Vendo que eu não me mexia, mais calmo, falou - Tu deves seguir para outro porto, onde um outro barco, maior, te dará transporte.

- Caronte, te irritas em vão! - intercedeu o mestre - Lá, onde se pode o que se quer, isto se quer, e não peças mais nada!

Caronte é o barqueiro responsável por transportar os mortos pelas águas dos rios Estige e Aqueronte até Hades na mitologia grega. Recebeu esta tarefa depois de tentar roubar a Caixa de Pandora. Para realizar a travessia era necessário pagar uma moeda, aqueles que não podiam pagar tinham que vagar por cem anos. Daí nasceu a tradição de enterrar o falecido com uma moeda em sua boca ou vestes

Nenhum vivo podia atravessar, a não ser que portasse um ramo de acácia, árvore consagrada por Perséfone, deusa das ervas, flores, frutos e perfumes, filha de Zeus e Deméter. Foi sequestrada pelo seu tio Hades, o Deus do Submundo, passou a morar metade do ano no Olímpio nas estações primavera e verão e outra no mundo dos mortos nas estações de outono e inverno. É assim, que os gregos antigos explicavam as estações dos anos. Na época do inverno o mundo perdia a graça e o calor porque Perséfone estava no Submundo, e quando retornava trazia consigo toda alegria e beleza ao mundo. 


Caronte então se calou, mas pude ver que seus olhos vermelhos ainda ardiam de raiva. As almas, chorando amargamente, se amontoavam na orla e Caronte as embarcava, uma a uma, batendo nelas com o remo quando alguma hesitava. Depois seguiam, quebrando as ondas sujas rio Aqueronte, e antes de chegarem à outra margem, uma nova multidão já se formava deste lado.

Enquanto Virgílio me falava sobre as almas que atravessavam o rio, houve um grande terremoto, seguido por uma ventania que inundou o céu com um clarão avermelhado. O susto foi tão intenso que eu desmaiei e caí num sono profundo.

terça-feira, 30 de junho de 2015

Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto II

 
  Ola, toda semana lanço um canto do poema Divina Comédia, de Dante Alighieri, uma história épica aonde Dante vive uma aventura atravessando o inferno e o limbo para chegar ao céu, para isso conta com ajuda do poeta Virgílio e de sua amada Beatriz. No primeiro canto, Dante encontrou Virgílio pela primeira vez, agora o poeta explica como Beatriz o convocou para essa missão, caso não tenha lido o primeiro veja aqui:


Agora leia o Canto II, lembrando que as frases em vermelho são minhas anotações sobre determinada palavra:

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A Divina Comédia de Dante Alighieri - Livro Inferno Canto I


 A Divina Comédia, obra prima de Dante Alighieri é um clássico da literatura do século XVI que foi grande influência para poetas, músicos, pintores, cineastas e outros artistas nos últimos 700 anos, como Gustave Doré, Sandro Botticelli, Salvador Dali, Michelangelo eWilliam Blake iniciada, provavelmente no ano de 1307 e concluída em 1321, um pouco antes da morte do autor. Consiste em um poema fielmente simétrico, baseado no número 3. Veja o exemplo em Latim: 

1 Nel mezzo del cammin di nostra vita A

2 mi ritrovai per una selva oscura B

3 ché la diritta via era smarrita. A



4 Ahi quanto a dir qual era è cosa dura B
5 esta selva selvaggia e aspra e forte C
6 che nel pensier rinova la paura! B

7 Tant'è amara che poco è più morte; C
8 ma per trattar del ben ch'i' vi trovai, D
9 dirò de l'altre cose ch'i' v'ho scorte. C

10 Io non so ben ridir com'i' v'intrai, D
11 tant'era pien di sonno a quel punto E
12 che la verace via abbandonai. D

  
   Esta simetria foi inventada por Dante, chamada de terza rima, em latim, terça rima em português. Consiste na rima do primeiro verso com o terceiro de cada terceto, e o segundo verso rimará com o terceto seguinte. Ficando: ABA, BCB, CDC, DED. 
   Deste modo, o leitor tem a sensação de movimento, é como se o processo não pudesse ter fim. 
  Descreve a odisseia de Dante através do Purgatório, Inferno e Paraíso, é guiado no Purgatório e no Inferno pelo poeta Virgílio, e no céu por sua musa Beatriz.