A filosofia nasce de uma dúvida, é o anseio de responder uma pergunta, de saciar a curiosidade. Em relação à pichação, eu sempre tive a vontade de descobrir o porquê desta prática.
"Por que as pessoas picham? "
Recentemente, com o Prefeito João Doria tomando a atitude de apagar grafites e pichações dos muros da cidade de São Paulo, o debate em relação ao tema tomou forças.
A pichação é odiada por muitos, para não dizer quase todos, a poluição visual gera revolta. Prédios, paredes e muros manchados com símbolos, ao que parece, sem nenhum significado relevante.
Afinal, o dono do muro vai ter que gastar com produto para tirar pichação.
Afinal, o dono do muro vai ter que gastar com produto para tirar pichação.
Mas quem picha, picha com algum motivo, age desta forma com alguma intenção. Esse texto tentará responder quais são esses motivos. Se é que há alguma explicação racional.
A primeira explicação que vem a cabeça, é que fazem isso por instinto animal, o homem, desde os primórdios, marca território. O cachorro mija no poste, o Homem picha a parede?
Que é da natureza do Homem deixar sua marca no mundo isto é verdade. Agora, não sei dizer se o Homem trocou a parede da caverna pela parede do prédio, afinal, não sou antropólogo.
Mas, há, claro, explicações menos teóricas e mais práticas para tal comportamento. Em minha pesquisa para este texto, me deparei com um artigo deveras curioso. Segue o link:
El País: Entrevista com Cripta Djan
Trata-se de uma entrevista de Cripta Djan, um defensor do pixo, um dos principais pichadores dos anos 2000, que inclusive expôs sua "arte" internacionalmente.
Para Djan, o picho é uma forma de protesto, para ele a pichação está ligada à transgressão, tem como objetivo provocar a sociedade. Que o picho causa muito ódio, isto é incontestável, mas reivindicações não se resume a causar repulsa.
O "artista" afirma que o picho é uma forma de defesa do jovem marginalizado.
Segue parte da matéria:
“O papel do picho na rua é transgredir. Isso faz parte da nossa liberdade, o picho nasceu dessa necessidade, de ocupar algo que é negado. O muro tá negado pra nós, então o picho força um direito que é negado”
[...]
“Quando que um jovem da periferia teria a possibilidade de escrever o nome dele no topo de um prédio do centro? Só se ele fosse uma empresa, um banco”
Confesso que me causa um pouco de revolta ler tanto absurdo, tudo bem que existe grande desigualdade entre morro e asfalto, entre centro e periferia, mas daí você vandalizar propriedade alheia por achar que não ganha os direitos que entende devidos é absurdo.
Quando que um jovem da periferia teria a possibilidade de escrever o nome dele no topo de um prédio do centro? É um pensamento que chega a ser falacioso, porquê presume que toda pessoa que possui propriedade nasceu em berço de ouro, como se a carreira profissional do proprietário do prédio surgiu do céu. Em certo ponto, nega que um jovem pobre possa estudar, acreditar em si mesmo e crescer na vida.
Em outro trecho do artigo, Djan menospreza o trabalho de artistas contemporâneos, pois segundo ele, o picho possui mais validade artística do que obras elaboradas por artistas formados em escolas de arte, que passa uma mensagem mais forte, por possuir a chamada "vivência de rua".
Mas não sei que de modo um monte de rabisco possui maior valor do que uma obra de arte que foi construída com técnicas adquiridas por longos anos de estudos. Não que sejam melhores simplesmente por causa de um título, mas o estudo deve ser valorizado.
Então acho que existe um certo exagero em denominar o picho como um expoente artístico. Digo acho, porque arte é subjetivo. Talvez, até tenha valor como forma de protesto, o que não por isso o valida como arte. Mas até como protesto, o picho encontra problemas.
Aqui chegamos ao ponto principal deste texto: Protesto/ Revolução
A quem pertence o povo? - Neste texto falei sobre opressão ao povo
A quem pertence o povo? - Neste texto falei sobre opressão ao povo
Creio que o objetivo do protesto do picho é o mesmo de qualquer cidadão descontente com a realidade social do país, diminuir a desigualdade em todos os sentidos, acabar com a pobreza, discriminações, preconceitos, violências, etc.
Claro que há aqueles que picham por pichar, os famosos delinquentes juvenis, rebeldes sem causa querendo deixar sua marca no mundo. Mas agora, falo do picho como forma de revolução, o que leva alguém a pichar, desta forma, é o mesmo motivo de quem vai à rua protestar contra a corrupção. -A vontade de ver mudanças.
No entanto, se acertaram em seus objetivos, erram no seu modo de operação, vandalizar propriedade privada não causará nenhum bem, não representará nenhum avanço para a diminuição da desigualdade, não aumentará o IDH, e muito menos atinge o alvo dos protestos.
O protesto da forma que é efeito atinge pessoas que não tem nenhuma culpa pela desigualdade social, pelo contrário, muito donos de prédios, por serem empreendedores fornecem empregos e oportunidades para quem precisa.
Percebo, ao meu ver, que há uma certa "rixa" entre pobre e rico, e por isso, os pichadores fazem os "ricos" "pagarem" pela existência da pobreza. Mas a grande ironia que quem de fato, na maioria das vezes, tem sua propriedade pouco tem culpa dos problemas deste país, como a classe média, por exemplo.
Assim, quem tem o dever de fornecer saúde, educação, enfim, fazer alguma coisa por este povo, o Estado, sai ileso desta "grande" revolução.
O texto de hoje foi um pouco ácido, mas este é o resultado da minha honestidade, para dar minha opinião não poderia ser diferente. E você? O que acha do picho? Considera como arte? E como forma de protesto? Deixa sua opinião nos comentários! Compartilhe!
Este é o espírito do Ágora do Pensamento, um espaço para o conhecimento e para discussão, lembre-se o conhecimento é sempre melhor se compartilhado!
No entanto, se acertaram em seus objetivos, erram no seu modo de operação, vandalizar propriedade privada não causará nenhum bem, não representará nenhum avanço para a diminuição da desigualdade, não aumentará o IDH, e muito menos atinge o alvo dos protestos.
O protesto da forma que é efeito atinge pessoas que não tem nenhuma culpa pela desigualdade social, pelo contrário, muito donos de prédios, por serem empreendedores fornecem empregos e oportunidades para quem precisa.
Percebo, ao meu ver, que há uma certa "rixa" entre pobre e rico, e por isso, os pichadores fazem os "ricos" "pagarem" pela existência da pobreza. Mas a grande ironia que quem de fato, na maioria das vezes, tem sua propriedade pouco tem culpa dos problemas deste país, como a classe média, por exemplo.
Assim, quem tem o dever de fornecer saúde, educação, enfim, fazer alguma coisa por este povo, o Estado, sai ileso desta "grande" revolução.
O texto de hoje foi um pouco ácido, mas este é o resultado da minha honestidade, para dar minha opinião não poderia ser diferente. E você? O que acha do picho? Considera como arte? E como forma de protesto? Deixa sua opinião nos comentários! Compartilhe!
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Até a próxima!
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