A arte sempre acompanhou o homem, desde a era rupestre o indivíduo sente a necessidade de modificar o meio do qual vive, de deixar sua marca no mundo, ou ainda representar a realidade da forma que enxerga.
É claro que conforme a humanidade evoluiu, a arte se desenvolveu e amadureceu, sofrendo diversas transformações ao longo da história. Na era contemporânea, a prática da arte pode ser vista em diversas modalidades, sendo inúmeras as técnicas e diversos os espaços utilizados.
O que se conveniou chamar de democratização da arte, isto é, a possibilidade de qualquer um ser artista e ter acesso à arte, causou alguns questionamentos, que inclusive está bem em voga atualmente, portanto, este artigo tem como objetivo tentar responder a seguinte pergunta: O Que é Arte?
Não será uma tarefa fácil. Mas é justamente este fator que a torna interessante.
A arte já foi tema de texto anterior:
Pixo: Vandalismo ou arte?
Platão e a Crítica à Música Contemporânea
Recentes exposições, como a QUEERMUSEU, promovida pelo Santander, e o MAM, jogaram lenha na fogueira, alcançando inimigos e defensores. Diversos são os questionamentos: Deve haver limites para a arte? A arte deve ser bela? A arte existe como forma de protesto? Toda nudez deve ser castigada? Por que a nudez choca tanto?
Longe de mim querer apagar esse fogo, pelo contrário, acredito que toda discussão é válida, inclusive aprendo muito com aqueles de opinião contrária, as vezes até mudo de opinião, afinal, como já disse o mestre Raul Seixas: eu sou uma metamorfose ambulante.
A arte já foi tema de texto anterior:
Pixo: Vandalismo ou arte?
Platão e a Crítica à Música Contemporânea
Recentes exposições, como a QUEERMUSEU, promovida pelo Santander, e o MAM, jogaram lenha na fogueira, alcançando inimigos e defensores. Diversos são os questionamentos: Deve haver limites para a arte? A arte deve ser bela? A arte existe como forma de protesto? Toda nudez deve ser castigada? Por que a nudez choca tanto?
Longe de mim querer apagar esse fogo, pelo contrário, acredito que toda discussão é válida, inclusive aprendo muito com aqueles de opinião contrária, as vezes até mudo de opinião, afinal, como já disse o mestre Raul Seixas: eu sou uma metamorfose ambulante.
Portanto, o artigo de hoje tem como objetivo tentar trazer uma luz em relação se exposi
Os dicionários definem arte como:
1. Habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional.
e,
2. Conjunto de meios e procedimentos através dos quais é possível a obtenção de finalidades práticas ou a produção de objetos; técnica.
Mas somente isto não é suficiente para que o observador defina se determinada exposição contém, ou não, conteúdo artístico, para tanto, continuamos em nossa busca filosófica.
É importante que se fale desde já, que os filósofos e teóricos estéticos ainda não chegaram em um acordo em relação ao tema. Talvez um dos fatores que torna difícil a busca pela definição da arte consiste na alta carga de subjetividade que a arte possui, pois ao contrário da matemática e a física, por exemplo, a arte não é exata, principalmente por trabalhar com as emoções e com o interior de cada ser, o que faz que cada um tenha uma reflexão única em relação a uma obra.
O teórico Weitz (1956, p.2), inclusive afirma ser impossível a teorização da arte: "a arte, tal como a lógica do conceito mostra, não tem nenhum conjunto de propriedades necessárias e suficientes; logo, uma teoria acerca dela é logicamente impossível e não apenas factualmente impossível".
A teoria formalista, defendida por Bell e Fry, afirma que o que define a arte é a relação entre os elementos plásticos, linhas, cores, formas e volumes que proporciona uma imagem definida a quem observa. Ou seja, na presente teoria, a obra artística transmite uma mensagem, mas, não necessariamente possui um significado.
Como pode ser visto, trata-se de uma visão mais racional. Não estaria faltando algo? Sim, justamente a emoção, que é algo essencial quando se fala em arte. Para Tolstoy, Ducasse e outros defensores da corrente emocionalista, a forma é insuficiente para a definição de arte, para eles, sem a expressão das emoções não há arte.
A arte, portanto, deve trazer a baila alguma emoção, seja alegria, tristeza, raiva, contentamento e etc.
Estar mais perto da emoção do que a razão, faz que não seja definida por um conceito único, sendo de interpretação aberta, o próprio espectador define se o que está vendo é, ou não, arte. Por tais razões, a loucura é mais capaz de falar sobre a arte do que a ciência.
É necessário que a arte seja bela?
Neste ponto, chegamos a mais uma indagação. Qual é a finalidade da arte? Será que a arte se resume somente o que é belo? Isto é, só é arte o que é reconhecido como belo? Será que sua função social não vai além do que mero enfeite de sala ou possui finalidade só para saciar os olhos?
Neste ponto, chegamos a mais uma indagação. Qual é a finalidade da arte? Será que a arte se resume somente o que é belo? Isto é, só é arte o que é reconhecido como belo? Será que sua função social não vai além do que mero enfeite de sala ou possui finalidade só para saciar os olhos?
Creio que não, a arte é o alimento da alma, isto significa que a arte vai muito além dos efeitos práticos, imaginar a arte como utilitária é vê-la em sua metade. A arte, como fenômeno cultural, tem um ar revolucionário, a arte é uma provocação, serve como transgressão de uma era, é um meio de quebrar regras sociais.
Até porquê a arte em um quadro/obra não é necessariamente a beleza em si, mas as sensações que são proporcionadas pela interação com o objeto artístico.
Chegamos, portanto, ao ponto principal do artigo, exposições como a QUEER MUSEU, promovida pelo Santander no Rio Grande do SUL, leia mais: aqui, fechada após protesto de conservadores e do MBL, e a exposição no MAM (Museu da Arte Moderna), que gerou polêmica após a interação entre um homem nu e uma criança, leia mais: aqui.
O tema é demasiadamente vasto para ser vencido em só um texto, mas pretendo fazer alguns breves apontamentos sobre as exposições.
Ambas as exposições chocaram por diversos motivos, entre eles, peculiaridades não muito comuns presente nas obras, entre elas, a nudez, mas será que há limites em uma exposição? Há nudez representa algum problema?
Inicialmente é importante destacar que a nudez sempre esteve presente nas artes, como a título de exemplo:
Ambas as exposições chocaram por diversos motivos, entre eles, peculiaridades não muito comuns presente nas obras, entre elas, a nudez, mas será que há limites em uma exposição? Há nudez representa algum problema?
Inicialmente é importante destacar que a nudez sempre esteve presente nas artes, como a título de exemplo:
A Vênus de Botticelli |
Estatueta de Virgem, uma das primeiras obras de arte |
Davi de Michelangelo |
Leda e o Cisne (Zeus) |
Logo, não é novidade a repercussão que estas obras trazem:
Chega a ser curioso e contraditório, no país do carnaval, a alta capacidade da nudez causar tanto rebuliço. Parece que o público não está acostumado a relacionar museu com a nudez, e isto se dá pela relação doentia que ocorre entre sexo e nudez, configurando esta como se pecado fosse.
E de fato, no mundo ocidental há um verdadeiro tabu com a sexualidade, grande em parte pela influência do cristianismo, que por sua vez foi influenciado pelo estoicismo. As razões que levam a preocupação excessiva quanto ao nu e o desfruto dos prazeres são até compreensíveis, afinal a busca desenfreada, e em excesso, do sexo causa danos ao ser, como tudo em excesso.
No entanto, além dos prazeres serem importantes para a saúde psicológica, o tabu do sexo traz uma falsa noção de que a nudez produz contexto sexual, o que não é verdade, a arte é necessária para romper com a ordem atual, com o fim de propiciar desenvolvimento social, e em relação ao nu, devolver a este seu estado de naturalidade.
Desta forma, é inadmissível a censura à arte em um Estado Democrático livre de opressão, pois censurá-la significa roubar sua força modificadora social, é limitar a comunidade artística a simples arquitetos e decoradores de interior.
A proibição do QueerMuseu beira a comparações ao fascismo, na medida que este sempre tentou manter o estado atual das coisas, querendo frustrar a evolução natural da humanidade, mantendo-se, assim, a moralidade idealizada por uma minoria.
Até mesmo porquê a falta de censura não significa a ausência de punição diante da ocorrência de eventual crime ou danos causados, o melhor controle de qualidade deste tipo de exposição é feita pelo próprio público na medida que este tem a liberdade de julgar eventos, escolhendo aqueles que o agrada.
Referências:
https://www.historiadasartes.com/olho-vivo/o-que-e-arte/
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/08/cultura/1507414558_523035.html
Qual é a sua opinião? Acha que exposições como a QueerMuseu devem existir ou serem proibidas?
Como dito anteriormente no início deste artigo, a temática é muito vasta para ser preenchida por somente um texto, portanto, o Ágora pode voltar a trabalhar a questão em oportunidades futuras. Para não perder, siga nossa newsletter:
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